Koh’l, kuhl, kohol, kahal ou khur é o nome dado ao fino pó negro que as mulheres árabes utilizam para escurecer as pálpebras, fazendo os olhos parecerem maiores, mais brilhantes, sedutores. Tradicionalmente trajadas de forma a esconder quase todo o corpo e a parte inferior da face, são seus olhos negros que de primeiro atraem os homens. O sombrear, no entanto, não parece se limitar a instrumento de sedução, haja vista que protege contra o brilho excessivo do sol forte do deserto, legitimando seu uso por parte dos homens. Ademais, teria aquele pó o poder de prevenir determinadas doenças oculares. Provavelmente seja esta a explicação mais coerente para justificar a técnica tradicional de aplicação do koh’l: introduzir o bastão aplicado esculpido em madeira, cuja extremidade arredondada foi previamente embebida em óleo de oliva, no koh’l em pó, segurá-lo paralelo ao olho fechado e, começando da parte medial deste, deslizá-lo entre as pálpebras de forma a tingir as raízes dos cílios e embarrar delicadamente o globo ocular.
As tenuíssimas partículas de koh’l ou al-koh’l são constituídas de antimônio, um metal branco azulado utilizado como anti-séptico pelos egípcios. Talvez a crença na proteção contra as doenças oculares seja fruto da observação, pelos povos da Antiguidade, dessa propriedade do pó de antimônio.
A palavra al-koh’l era usada pelos alquimistas árabes para descrever finos pós, alguns dos quais obtidos através do aquecimento de determinadas substâncias até a separação dos gases, seguida de resfriamento. O termo foi generalizado para designar substâncias provenientes da destilação.
No século XVI, Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus (1493-1541), famoso alquimista e defensor da terapia química, utilizou pela primeira vez a palavra álcool para designar o “espírito do vinho”. O vocábulo provém de al-koh’l e designa o composto orgânico descoberto ao redor do ano 1100 na primeira escola de Medicina do ocidente, em Salerno (Itália), e que, atualmente, é utilizado como solvente, combustível, bebida e anti-séptico.
Portanto, a palavra álcool deriva daquele pó estribado chamado pelos árabes de koh’l e utilizado para escurecer as pálpebras.
É curioso que a marca de uma das cachaças mais populares no Brasil, a aguardente Pirassununga 51, carrega no seu nome o número atômico do elemento antimônio, cujo símbolo é SB, do latim Stibium.
Se não fosse coincidência, seria uma boa idéia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário