Em 2017, a partir do livro "As doenças dos trabalhadores” (1700), do pai da Medicina do Trabalho, Bernardino Ramazzini, escrevi sobre as "Doenças do judeus” (postado no blog em 18 de agosto de 2017 e que deu origem ao artigo "A visão ramazziniana e os discriminados”, publicado - Rev Bras Med Trab. 2018;16(1):106-8 -, em parceria com a professora Marcia Cristina das Dores Bandini, em 2018).
Entre as doenças permitidas aos judeus constava,
“…pelo menos na Itália, a de arranjar os colchões de lã, a qual se endurece, amassada pelo contínuo deitar durante anos; estendem os colchões sobre grades de vime, sacodem-nos e os batem com varas, e assim amolecem e se tornam mais agradáveis para o descanso. Ganham bastante com esse trabalho, percorrendo as casas das cidades”.
Eis que me deparo novamente com esse tema no livro de Boris Fausto, “Negócios e ócios: histórias da imigração” (São Paulo: Companhia das Letras, 2a edição, 2011, p. 164-165), ao relatar sua infância na casa da Avenida Angélica, no final da década de 1930:
“Vinham também regularmente ao portão da Angélica os panbuka tidji. Eram dois mulatos esguios, que chegavam com um longo bastão nas mãos. Se minha tia lhes dissesse sua denominação profissional, certamente pensariam que ela estava variando. Eles constituíam figuras próximas não evidentemente pela afinidade étnica, mas porque consertavam colchões como seus colegas turcos que vinham bater à porta da casa familiar, em Ourla.
Os dois homens carregavam os colchões para o quintal e ali os espancavam, a pretexto de alisá-los, desfazendo bolotas de algodão. Quando o espancamento se revelava insuficiente, realizavam uma operação cirúrgica: abriam as costuras dos colchões, retiravam as bolotas renitentes e as substituíam por material novo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário