Hospedaria dos Imigrantes-SP | Hospício Colônia de Barbacena-MG |
Ao chegar à Hospedaria, a primeira parada de imigrantes e migrantes era no serviço de recebimento de bagagens, essas importantes companheiras de viagem, com referências essenciais dos locais de origem de estrangeiros e brasileiros recém-chegados. Em malas, baús, sacolas e arcas eram transportados itens considerados importantes para a manutenção de ritos cotidianos, como alimentar-se, vestir-se e trabalhar, além de objetos definidores de identidades: fotografias, diários, itens sentimentais ou de rituais. Perdê-los de vista à chegada na Hospedaria era perder parte da própria história e - por que não? - todo um patrimônio. Acreditava-se que as bagagens vinham também impregnadas por bactérias e vírus transmissores de doenças. Para tentar minimizar esses problemas, um setor era responsável por sua recepção, desinfeção e redistribuição.
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Os recém-chegados à estação do Colônia eram levados para o setor de triagem. Lá, os novatos viam-se separados por sexo, idade e características físicas. Eram obrigados a entregar seus pertences, mesmo que dispusessem do mínimo, inclusive roupas e sapatos, um constrangimento que levava às lagrimas muitas mulheres que jamais haviam enfrentado a humilhação de ficar nuas em público. Todos passavam pelo banho coletivo, muitas vezes gelado. Os homens tinham ainda o cabelo raspado de maneira semelhante à dos prisioneiros de guerra.
Após a sessão de desinfeção, o grupo recebia o famoso “azulão”, uniforme azul de brim, tecido incapaz de blindar as baixíssimas temperaturas da cidade. Assim, padronizado e violado em sua intimidade, seguia cada um para o seu setor. […] Nesta condição, viam-se despidas do passado, às vezes, até mesmo da própria identidade. Sem documentos, muitas pacientes do Colônia eram rebatizadas pelos funcionários. Perdiam o nome de nascimento, sua história original e sua referência, como se tivessem aparecido no mundo sem alguém que as parisse.
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Fonte: Museu da Imigração do Estado de São Paulo | Fonte: Arbex, Daniela. Holocausto brasileiro. 1. Ed. - São Paulo: Geração Editorial, 2013. p. 28-30. |
domingo, 14 de julho de 2019
Hospedaria dos Imigrantes x Hospício de Barbacena
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Rubens,
ResponderExcluirMuito interessante, a relação entre amnésia provocado pelo cuidado médico.
Parabéns...
Ivan Amaral
15/07/2019
!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluir(ops, sou eu, ana julia!)
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