A foto acima foi tirada durante visita à Casa de Portinari, museu localizado na cidade de Brodowski. É possível notar o reflexo do fotógrafo visitante no vidro, segurando seu celular na posição horizontal. Captou-se não apenas os objetos em exposição, mas também um pouco do processo da visita ao museu.
Vê-se um par de calçados de cor caramelo, bem conservados, que pertenceram à Candido Portinari. O solado do pé direito é nitidamente mais grosso que o esquerdo, a fim de corrigir a marcha do artista de baixa estatura e que tinha a perna direita cerca de quatro centímetros mais curta que a outra. Não sei dizer se tal recurso era suficiente para que ele andasse sem coxear, sem dor. Indagações curiosas e que esqueci de compartilhar com o educador Vitor dos Santos Molinari, com quem tive um dedo de prosa durante a visita. Cerca de dez a quinze minutos agradáveis. Mas poderiam ter sido muitos mais. Aprendi com meu interlocutor que a mãe de Candinho tropeçara e caíra sobre o filho que segurava no colo. Daí a deformidade física que o incapacitou para o trabalho mais pesado, como o da lavoura de café, motivo pelo qual seus pais emigraram da Itália ao Brasil. A avó paterna, condoída com a fragilidade do franzino menino, o adotou de forma especial em seu coração. Dessa afetuosa aproximação floresceu relação duradoura que resultaria, muito mais tarde, na construção da Capela da Nonna, adornada com murais a têmpera, e determinaria a vertente sacra de sua obra.
O tropeço da mãe, ao que parece, está na raiz da decisão de manter Candinho longe de atividades que necessitavam de força física e, por conseguinte, de sua incursão nas artes plásticas, paixão demonstrada desde a infância.
O fascínio de um museu é como aquele par de sapatos expostos, cheio de histórias interessantes que nos ajudam a compreender melhor onde pisamos.
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