segunda-feira, 20 de abril de 2020

Vidraria e tuberculose

"O Matarazzo começou vendendo banha, todos sabem. Depois latas de banha. E depois fez as garrafas, a Vidraria Santa Marina: quantos meninos ficaram tuberculosos soprando a areia para virar vidro!" (Bosi, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças dos velhos. 15. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Sr. Abel. p. 187)

Esse pequeno trecho das lembranças do Sr. Abel encerra em si muita informação e pode ser observado através de diferentes lentes. Por exemplo, a lente da história da migração italiana para São Paulo, ou da história da gastronomia e uso de banha, ou ainda do trabalho infantil. Mas escolhi a lente da Saúde do Trabalhador e, mais especificamente, da silicose muitas vezes confundida com tuberculose. 
Em 2008, o médico do trabalho Bernardo Bedrikow escreveu "Lembrança do Jaçanã”. "Nessa crônica, relembra a instalação de enfermaria própria para casos de silicose no Hospital São Luiz Gonzaga, no bairro do Jaçanã, em São Paulo, na década de 1940. Esse hospital destinava-se principalmente ao cuidado de enfermos com tuberculose, mas o surgimento de número expressivo de pessoas acometidas pela pneumoconiose, muitas vezes confundida com tuberculose ou associada a ela, e a presença de várias empresas do ramo de cerâmicas, vidrarias e produção de sabões abrasivos, entre outras (produtoras de poeira no local de trabalho) levaram à criação da referida enfermaria. (Rev Bras Med Trab.2015;13(1):43-57) 



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