sábado, 3 de janeiro de 2015

Auxiliares do São José

Distantes do lar noite sim noite não
Temporâneo afastamento dos conchegos familiares
Árdua a labuta daqueles auxiliares
Que no crepúsculo vespertino iniciam o plantão

Durante um ano com eles convivi
No PA São José quase sem dormir
Apartando o sono para o enfermo servir
Com os auxiliares muito aprendi

Testemunha sou da abnegação
Com que cuidam dos doentes
Alimentam os indigentes
E limpam os bebuns que vomitam palavrões

O verdadeiro sossega leão
Fenergan, haldol e amplictil
Diazepan, hidantal e plasil
Para combater a convulsão

Soro de quinhentos ou de mil
Fisiológico ou glicosado
Transparente ou amarelado
E o doente que fugiu

O garrancho é do doutor
O doente de todo mundo
Seja rico ou imundo
No frio ou no calor

Sirene de madrugada
Ambulância do SAMU
Emergência com ambú
Correria organizada 

Adrenalina e atropina preparadas
Cânulas oito e sete e meio
Todos com receio
Que se trate de parada

Era só falta de ar
Com chiado, tosse e dor no peito
O diagnóstico de broncoespasmo está feito
Só falta a inalação preparar

Se aproxima o alvorecer
Ao sono que aumentou
A fome se juntou
Hora dos controles refazer

Alguns vão para casa descansar
Outros para a escola estudar
Outros ainda trabalhar
Mas em 36 horas outra noite a enfrentar

Profissão sacrificada
Lida com a dor
Exercida com amor
Tarefa sagrada



Rubens Bedrikow

Campinas, 2001.

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