Distantes do lar noite sim noite não
Temporâneo afastamento dos conchegos familiares
Árdua a labuta daqueles auxiliares
Que no crepúsculo vespertino iniciam o plantão
Durante um ano com eles convivi
No PA São José quase sem dormir
Apartando o sono para o enfermo servir
Com os auxiliares muito aprendi
Testemunha sou da abnegação
Com que cuidam dos doentes
Alimentam os indigentes
E limpam os bebuns que vomitam palavrões
O verdadeiro sossega leão
Fenergan, haldol e amplictil
Diazepan, hidantal e plasil
Para combater a convulsão
Soro de quinhentos ou de mil
Fisiológico ou glicosado
Transparente ou amarelado
E o doente que fugiu
O garrancho é do doutor
O doente de todo mundo
Seja rico ou imundo
No frio ou no calor
Sirene de madrugada
Ambulância do SAMU
Emergência com ambú
Correria organizada
Adrenalina e atropina preparadas
Cânulas oito e sete e meio
Todos com receio
Que se trate de parada
Era só falta de ar
Com chiado, tosse e dor no peito
O diagnóstico de broncoespasmo está feito
Só falta a inalação preparar
Se aproxima o alvorecer
Ao sono que aumentou
A fome se juntou
Hora dos controles refazer
Alguns vão para casa descansar
Outros para a escola estudar
Outros ainda trabalhar
Mas em 36 horas outra noite a enfrentar
Profissão sacrificada
Lida com a dor
Exercida com amor
Tarefa sagrada
Rubens Bedrikow
Campinas, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário