sábado, 3 de janeiro de 2015

Doutorês

O paciente adentrou o consultório acompanhado da esposa que, apesar do batarismo, passou a relatar os males do companheiro. Queixou-se da ergasiofobia do marido, homem imberbe, eurignato que costumava ter nigálios e soniloquência. Também parecia sofrer de brontofobia e, seguramente, de domatofobia.
A ferida na perna, ele queria tratar pela asticoterapia conforme lhe recomendara seu amigo oriental, orizófago, vitimado por polemopatia e apodemialgia ou ainda através da bedeleptiese por insistência do avô, portador de cainofobia.
A mogilalia da esposa não a impediu de interrompê-lo para perguntar minha opinião sobre orinoterapia e a compressão da salvatela.
O exame físico daquele maciletno revelou pálpebras opadas, dor na ilharga esquerda e febre que depois vim a saber nonana. Com o auxílio do glossocátoco detectei faringeurisma. Receitei medicação na forma de tabelas para serem tomadas ante-cibum.
Ao abrir a porta do consultório, com o intuito de solicitar ao nosócomo um nosóforo, avistei na sala de espera a senhora Maria das Dores, portadora de habromania e rule britânia, associação rara e desafiadora pois alternava-se periodicamente com anteneasmo e cruomania, além de cofose, deuteranopia e epíalo.

Referência bibliográfica : Dr. Pedro A. Pinto
Dicionário de Termos Médicos, 4a edição, 1946
Of. Graf. Fábrica de Bonsucesso - Rio de Janeiro



Rubens Bedrikow
São Paulo, 2000.

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